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Conversação: fazer/produzir dramaturgia

Reflexões livres, leves, loucas e soltas sobre dramaturgia

Com Andréa Bardawil, Fran Teixeira e Juliana Capibaribe

Mediação de Thereza Rocha

 

30 de junho de 2016, 19h

Vila das Artes

(Rua 24 de Maio, 1221, Centro)

 

Conversação

"A noção de conversação parece ter sido forjada para contradizer a de diálogo dramático. Se este parece construído, sistemático, submisso ao projeto do dramaturgo e de seus personagens, aquela passa por desorganizada, receptiva às falas a anódinas ou destitituídas de intensões precisas. Em Teoria do drama moderno, a propósito, Szondi opõe a "peça de conversação", tal como a desenvolveu a dramaturgia europeia a partir da segunda metade do século XIX, à forma dramática do Renascimento. No diálogo tradicional, o personagem de certa forma constitui corpo com sua fala: é ela que o constrói e define seu lugar no jogo das relações cênicas. Para Szondi, ao contrário, a conversação tende a esvaziar a fala de seu conteúdo, a torná-la alheia ao status e ao devir dos personagens; em última instância, ela ameaça as próprias estruturas do drama: "flutuando entre os homens, em vez de tecer laços entre eles, a conversação não envolve mais nada (...) Ela não tem origem subjetiva nem fim subjetivo; ela não leva adiante, não se prolonga em nenhuma ação". Assim se explicaria por que Esperando Godot poderia passar por uma "peça de conversação", na medida em que, nela, esta se torna a temática, substituindo qualquer outro conteúdo verdadeiro: "O enunciado é reservado à negatividade, ao nonsense dos automatismos do discurso e ao inacabamento da forma dramática"." 

 

Arnau RYKNER; Jean-Pierre RYNGAERT

 

In SARRAZAC, Jean-Pierre (Org.). Léxico do drama moderno e contemporâneo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

 

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